Criar um filho, dedicar-se a um relacionamento, cultivar amizades, lutar por um sonho. Isso tudo pode nos trazer os melhores momentos de nossa vida. Ao mesmo tempo, também pode nos causar os maiores sofrimentos.
Amar nos deixa vulneráveis e é assustador, mas você imagina viver uma vida plena sem amor, apenas para se proteger do mal que isso pode lhe causar?
Este livro fala sobre isso, entregar-se ao momento e aceitar a vulnerabilidade implicada nisso como condição essencial pra uma vida feliz e plena. E não é achismo! Brené Brown, a autora, pesquisa há anos como vulnerabilidade e felicidade caminham juntas.
“Quando estamos vulneráveis é que nascem o amor, a aceitação, a alegria, a coragem, a empatia, a criatividade, a confiança e a autenticidade. Se desejamos uma clareza maior em nossos objetivos ou uma vida espiritual mais significativa, a vulnerabilidade com certeza é o caminho. Sei que é difícil acreditar nisso, sobretudo quando passamos tanto tempo achando que vulnerabilidade e fraqueza são sinônimos, mas é a pura verdade. Vulnerabilidade é incerteza, risco e exposição emocional.”
Brené, que sempre esteve nos bastidores, se viu, de repente, na posição de observada quando foi palestrante de uma das edições do TED, o que lhe causou muito medo.
Como preparação, resolveu assistir a algumas palestras e percebeu que as melhores foram feitas por pessoas que se expuseram e contaram a sua verdade. Essa autenticidade prendia a atenção da plateia, que se apaixonava pelo palestrante de imediato.
Ou seja, a vulnerabilidade do outro encantava.
Então, ela percebeu que não havia como imitar qualquer daquelas pessoas. Ela precisava dizer a sua verdade, da sua forma.
Quando subiu ao palco, lançou duas perguntas à plateia. Primeiro, quem ali procurava se esforçar para não ser vulnerável porque relacionava vulnerabilidade com fraqueza. Muitos levantaram as mãos. Depois, perguntou quem considerava uma grande coragem palestrar num evento como o TED. Todos levantaram as mãos.
Ou seja, vulnerabilidade é coragem em você e fraqueza em mim.
Essa confusão entre vulnerabilidade e fraqueza não era novidade para Brené, pois havia surgido também nas entrevistas que fez para sua pesquisa. Para tornar a vulnerabilidade um conceito mais palpável, a autora pedia aos entrevistados que completasse a seguinte frase:
“Vulnerabilidade é _______________”
Eis algumas das respostas: expressar uma opinião impopular, começar meu negócio próprio; pedir ajuda, decidir colocar a mãe num asilo; escutar o filho dizer que seu sonho é reger uma orquestra, mesmo sabendo que isso provavelmente nunca vai acontecer; mostrar alguma coisa que escrevi ou alguma obra artística que tenha criado; pedir perdão; ter fé.
Essas ações definitivamente não são fraquezas?
“Verdade e coragem nem sempre são confortáveis, mas nunca são fraquezas. É verdade que quando estamos vulneráveis ficamos totalmente expostos, sentimos que entramos numa câmara de tortura (que chamamos de incerteza) e assumimos um risco emocional enorme. Mas nada disso tem a ver com fraqueza.”
Ao confundir vulnerabilidade com fraqueza, nos fechamos para a possibilidade de que nos vejam como somos. Criamos máscaras de supostas fortalezas, mas que apenas nos mantém distantes tanto de nós mesmos quanto das pessoas.
Estar vulnerável é sair da zona de conforto. E sabemos o que acontece por lá.
“Vulnerabilidade não é fraqueza; e a incerteza, os riscos e a exposição emocional que enfrentamos todos os dias não são opcionais. Nossa única escolha tem a ver com o compromisso. A vontade de assumir riscos e de se comprometer com a nossa vulnerabilidade determina o alcance de nossa coragem e a clareza de nosso propósito. Por outro lado, o nível em que nos protegemos de ficar vulneráveis é uma medida de nosso medo e de nosso isolamento em relação à vida.”
Há muita coisa linda no livro, mas não posso deixar de citar a parte em que ela aborda a vergonha.
Em resumo, ela é o medo de não se sentir bom o suficiente e perder o amor, carinho, atenção das pessoas. E travamos para que isso não aconteça.
A vergonha é intensamente dolorosa. A autora cita uma pesquisa do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos que compara o constrangimento da rejeição social ao sofrimento físico. É uma dor real!
A solução pra isso é resiliência, buscar maneiras de se recuperar do trauma.
A primeira coisa que se deve fazer é reconhecer a vergonha. Não negue o sentimento. Ele é universal. Todo mundo sente.
É importante trazer os pensamentos à luz da racionalidade. Está se repreendendo por que? Se culpando? Se considerando insuficiente, incompetente, um horror de pessoa? Questione isso. Certamente você agiu corretamente em muitos momentos da sua vida, e aquele é apenas mais um, que não lhe define. Se possível, compartilhe o fato com alguém que possa lhe apoiar. Esconder a vergonha é o mesmo que dar força a ela.
E siga em frente…
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