segunda-feira, 29 de maio de 2017

Busca e missão.

O que buscamos também busca por nós. Tenho esse pensamento comigo.
É uma espécie de crença, me parece. Ou fé na vida, talvez. Mas sinto que quando desejo o melhor pra mim, o que está alinhado ao meu propósito, e certamente fará bem aos meus, aquilo também se esforça para me encontrar. Como se o meu sonho sempre tivesse existido e, pacientemente, esperado que eu ouvisse meu coração e tomasse o seu rumo.

É que qualquer coisa, uma ideia, um empreendimento, uma revolução, só nasce neste mundo através de nós. Caso contrário, existirá apenas no universo do “Se”: a grande profissional, se eu terminar aquele curso; o negócio de impacto, se eu tiver coragem de empreender; o relacionamento pleno, se eu me doar verdadeiramente.

Basta nos comprometermos em buscar o que tanto desejamos para a mágica acontecer. Diversas situações vão surgir para que possamos nos aprimorar. Alguns entenderão as dificuldades como sinais de que é tudo impossível e desistirão. Estes não estarão prontos nem para a busca, imagina para encontrar o que desejam.
Outros seguirão em frente obstinados e, com suas atitudes, dirão ao universo “estou pronto!”.

Aos poucos nossa venda vai caindo. É que o universo tem muita criatividade e aquilo que desejamos pode ser diferente do que imaginamos.
Podemos desejar que nosso grande amor tenha a forma de um carinha sarado, mas na verdade ele nem é tão fortão assim mas tem um coração super anabolizado. Ou sonhemos com um alto posto numa grande empresa, mas sucesso mesmo será ver a felicidade das pessoas que ajudaremos em lugares bem mais modestos.

O que queremos sempre vem em forma de missão. Um presente que nos pede doação, ao mesmo tempo. Uma dádiva que precisa ser compartilhada.
E a principal dessas missões é nos tornarmos entregadores de presentes. Outro mistério desse mundo. Teremos que levar àqueles que procuram o que estão procurando, em forma de oportunidades que daremos, palavras de apoio que diremos, informações que compartilharemos, suportes materiais que proporcionaremos. Isso tem vários nomes: generosidade, oportunidade, caridade.

O que queremos está lá no universo do “Se” torcendo por nós, para que tenhamos coragem de buscá-lo. Porque quer nascer. É uma criação divina e quer cumprir a sua missão.
Vocês pensam que os seus sonhos servem apenas para a sua felicidade?
Não sejamos ingênuos.
O que queremos para nós afetará a vida de muitos.
Então, tenhamos cuidado com os nossos sonhos.

Mas, seja lá o que for, que tenhamos coragem de buscá-los, pois o mundo precisa deles.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

#livroselições - A CORAGEM DE SER IMPERFEITO


Criar um filho, dedicar-se a um relacionamento, cultivar amizades, lutar por um sonho. Isso tudo pode nos trazer os melhores momentos de nossa vida. Ao mesmo tempo, também pode nos causar os maiores sofrimentos.
Amar nos deixa vulneráveis e é assustador, mas você imagina viver uma vida plena sem amor, apenas para se proteger do mal que isso pode lhe causar?


Este livro fala sobre isso, entregar-se ao momento e aceitar a vulnerabilidade implicada nisso como condição essencial pra uma vida feliz e plena. E não é achismo! Brené Brown, a autora, pesquisa há anos  como vulnerabilidade e felicidade caminham juntas.
“Quando estamos vulneráveis é que nascem o amor, a aceitação, a alegria, a coragem, a empatia, a criatividade, a confiança e a autenticidade. Se desejamos uma clareza maior em nossos objetivos ou uma vida espiritual mais significativa, a vulnerabilidade com certeza é o caminho. Sei que é difícil acreditar nisso, sobretudo quando passamos tanto tempo achando que vulnerabilidade e fraqueza são sinônimos, mas é a pura verdade. Vulnerabilidade é incerteza, risco e exposição emocional.”


Brené, que sempre esteve nos bastidores, se viu, de repente, na posição de observada quando foi palestrante de uma das edições do TED, o que lhe causou muito medo.
Como preparação, resolveu assistir a algumas palestras e percebeu que as melhores foram feitas por pessoas que se expuseram e contaram a sua verdade. Essa autenticidade prendia a atenção da plateia, que se apaixonava pelo palestrante de imediato.
Ou seja, a vulnerabilidade do outro encantava.
Então, ela percebeu que não havia como imitar qualquer daquelas pessoas. Ela precisava dizer a sua verdade, da sua forma.
Quando subiu ao palco, lançou duas perguntas à plateia. Primeiro, quem ali procurava se esforçar para não ser vulnerável porque relacionava vulnerabilidade com fraqueza. Muitos levantaram as mãos. Depois, perguntou quem considerava uma grande coragem palestrar num evento como o TED. Todos levantaram as mãos.
Ou seja, vulnerabilidade é coragem em você e fraqueza em mim.
Essa confusão entre vulnerabilidade e fraqueza não era novidade para Brené, pois havia surgido também nas entrevistas que fez para sua pesquisa. Para tornar a vulnerabilidade um conceito mais palpável, a autora pedia aos entrevistados que completasse a seguinte frase:
“Vulnerabilidade é _______________”
Eis algumas das respostas: expressar uma opinião impopular, começar meu negócio próprio; pedir ajuda, decidir colocar a mãe num asilo; escutar o filho dizer que seu sonho é reger uma orquestra, mesmo sabendo que isso provavelmente nunca vai acontecer; mostrar alguma coisa que escrevi ou alguma obra artística que tenha criado; pedir perdão; ter fé.
Essas ações definitivamente não são fraquezas?
“Verdade e coragem nem sempre são confortáveis, mas nunca são fraquezas. É verdade que quando estamos vulneráveis ficamos totalmente expostos, sentimos que entramos numa câmara de tortura (que chamamos de incerteza) e assumimos um risco emocional enorme. Mas nada disso tem a ver com fraqueza.”
Ao confundir vulnerabilidade com fraqueza, nos fechamos para a possibilidade de que nos vejam como somos. Criamos máscaras de supostas fortalezas, mas que apenas nos mantém distantes tanto de nós mesmos quanto das pessoas.
Estar vulnerável é sair da zona de conforto. E sabemos o que acontece por lá.
“Vulnerabilidade não é fraqueza; e a incerteza, os riscos e a exposição emocional que enfrentamos todos os dias não são opcionais. Nossa única escolha tem a ver com o compromisso. A vontade de assumir riscos e de se comprometer com a nossa vulnerabilidade determina o alcance de nossa coragem e a clareza de nosso propósito. Por outro lado, o nível em que nos protegemos de ficar vulneráveis é uma medida de nosso medo e de nosso isolamento em relação à vida.”
Há muita coisa linda no livro, mas não posso deixar de citar a parte em que ela aborda a vergonha.
Em resumo, ela é o medo de não se sentir bom o suficiente e perder o amor, carinho, atenção das pessoas. E travamos para que isso não aconteça.
A vergonha é intensamente dolorosa. A autora cita uma pesquisa do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos que compara o constrangimento da rejeição social ao sofrimento físico. É uma dor real!
A solução pra isso é resiliência, buscar maneiras de se recuperar do trauma.
A primeira coisa que se deve fazer é reconhecer a vergonha. Não negue o sentimento. Ele é universal. Todo mundo sente.
É importante trazer os pensamentos à luz da racionalidade. Está se repreendendo por que? Se culpando? Se considerando insuficiente, incompetente, um horror de pessoa? Questione isso. Certamente você agiu corretamente em muitos momentos da sua vida, e aquele é apenas mais um, que não lhe define. Se possível, compartilhe o fato com alguém que possa lhe apoiar. Esconder a vergonha é o mesmo que dar força a ela.
E siga em frente…

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Estamos em construção.

Poucas certezas pertencem a esse mundo. Falhar, sim.
Não há quem seja poupado do passo em falso, da aposta errada, do plano furado, de cagar na saída ou na entrada. Claro, não temos todas as respostas; mas às vezes damos a pior possível para o momento. Chega a surpreender! Todo mundo vive isso.
Surpreendente mesmo é o quanto uma certeza da vida desperta pavor e raiva. Para cada falha, nossa ou de outrem, uma fogueira inquisitória é acendida. Queremos culpados, exigimos punições.
Quanta injustiça cometemos com os nossos erros! São o resultado das nossas ações e trazem mensagens valiosas a respeito do caminho que estamos trilhando e da maneira como estamos procedendo. Mais respeito com eles, clama o universo!
Viver é funcionar na versão Beta. Lide com isso.
Incompletos, meio bugados, sem garantia de desempenho e botão de resetar. Somos seres inacabados.
Nosso mérito é estar inteiros diante dos desafios e agarrar com unhas e dentes a oportunidade de fazer o melhor. Se tudo der certo, vamos nos deleitar com o êxtase da vitória. Mas se fracassarmos, viveremos isso com o gostinho da ousadia na boca.
E mais uma versão Beta surgirá, pronta para ser testada e atualizada novamente.
Assim, cumprimos a sina de ser possíveis.

terça-feira, 9 de maio de 2017

#livroselições - EM BUSCA DE UM SENTIDO



O que a vida pode esperar de você?
Esta não é uma pergunta habitual.
Interessa-nos o contrário, o que a vida ainda tem para nos oferecer.
Dessa forma, avaliamos o nosso futuro, refletimos sobre o que estaria por vir e tomamos decisões. Como passarinhos no ninho, de bico arreganhado, aguardamos mamãe-pássaro caçar, digerir e depositar em nossa boca o alimento.
Inverta a pergunta, como feito acima, e perceba o peso dela. Nos colocamos como responsáveis por tornar a vida melhor, mais próspera, mais alegre, mais merecedora de ser vivida.
Essa é a mensagem que mais me tocou neste livro.
Viktor Frankl, autor da obra, era judeu, psicanalista e foi prisioneiro em campos de concentração, junto com toda a sua família. Apenas uma irmã e ele sobreviveram.
Depois da guerra, conseguiu retomar sua profissão e criou uma corrente chamada logoterapia que trabalha, não por acaso, com o efeito do sentido da vida no tratamento de pacientes.
O livro é dividido em duas partes. Primeiro vem os relatos sobre a rotina no campo. A segunda parte é dedicada às explicações sobre o que seria a logoterapia.
O cinema, o jornalismo, os livros de histórias, sobreviventes, testemunhas, oficiais nazistas e mais um monte de gente falou ao mundo sobre as atrocidades cometidas nos campos de concentração. Mas o relato de Frankl é único pela lucidez com que ele analisa, com a lente de psicologia, as próprias experiências e as dos companheiros e nos apresenta a principal regra para resistir em um campo de concentração: ter pelo que viver.
Mas veja, mesmo guardando para si a esperança e alimentando isso diuturnamente, a morte poderia chegar a qualquer momento. Então, Frankl se refere ao modo como se vive: um homem consciente em seus pensamentos e impulsos, que faz o melhor em meio ao terror, ou apenas um animal reagindo instintivamente e aguardando o fim.
Num certo dia, chorando de dor, congelando, faminto, pegou-se com pensamentos paranóicos sobre tudo o que poderia deixar sua vida ainda pior: ser enviado para algum campo que tivesse câmara de gás, não ter o que comer algo no dia seguinte, ser colocado em algum grupo de trabalho cujos sentinelas eram cruéis, adoecer e não poder trabalhar (isso aumentava enormemente as chances de ser executado),  etc.
Cansado da angústia que aqueles pensamentos lhe causavam, começou a refletir sobre as lições escondidas naquela situação e, de repente, se viu num salão grande palestrando sobre a psicologia nos campos de concentração. Isso mudou seu humor e lhe deu energia para mais um dia. Ah! E virou realidade muitos anos depois...
“Quem não consegue mais acreditar no futuro - no seu futuro - está perdido no campo de concentração. Com o futuro, tal pessoa perde o apoio espiritual, deixa-se cair interiormente e decai física e psiquicamente.”
Uma pessoa que teve a vivência de Frankl não poderia pensar diferente. Ele viu e sentiu o desespero na própria pele maltratada, e se manteve de pé por acreditar que havia algo além da barbaridade rotineira. Mas ele sabe que enxergar lições em meio ao caos não é fácil. Muitos companheiros seus sucumbiram ao desespero. Trata-se, então, de uma escolha pessoal.
“Sempre e em toda parte a pessoa está colocada diante da decisão de transformar a sua situação de mero sofrimento numa produção interior de valores.”
Em meio a todo o caos, Frankl percebeu que precisava fazer o máximo possível. Em alguns momentos, ouviu o desabafo dos companheiros com atenção, em outros comeu lentamente a pequena ração de pão para manter-se forte; muitas vezes, apenas resistiu e acalmou o coração. E entendeu que a vida nos pede as mais diversas atitudes, desde o silêncio a vigorosas ações. O importante, para ele, era sempre atender ao que ela pedia. O que a vida podia esperar dele.
“Não perguntamos mais pelo sentido da vida, mas nos experimentamos a nós mesmos como os indagados, como aqueles aos quais a vida dirige perguntas diariamente e a cada hora - perguntas que precisamos responder, dando a resposta adequada não através de elucubrações ou discursos, mas apenas através da ação, através da conduta correta. Em última análise,  viver não significa outra coisa que arcar com a responsabilidade de responder adequadamente às perguntas da vida pelo cumprimento das tarefas colocadas pela vida a cada indivíduo, pelo cumprimento da exigência do momento.”

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Ausência. Minha.

Na correria cotidiana, em meio a encontros e desencontros, sinto uma ausência.
A minha falta. Não me vejo faz bastante tempo.
Tenho me ocupado com uma outra, aquela que esperam de mim.
Pró-ativa, bem resolvida, decidida, de bem com a vida. Mato fome com duas castanhas e resolvo problemas numa corridinha de cinco-cá.
Eficaz, eficiente, paciente, independente. Máximo desempenho por fora, aconteça o que acontecer por dentro.
Feminista, feminina, puta, dama, doida, santa. Entre tantas faces, a mais conveniente.
Enquanto tentava empurrar tudo isso alma adentro, não tive coração que desse conta de sentir a sua presença, a minha.
Mas sei que está aí. Sinto.
Calmaria. Em algum lugar, sei que espera. Não é do seu feitio concorrer com todas essas vozes e ordens que sempre gritam ao meu ouvido e exigem atenção.
Paciência. Entende que, muitas vezes, não estou preparada. Teu encontro me faz esquecer as expectativas e eu ainda preciso de aprovações pra me sentir segura.
Silêncio. Com tanto barulho, sabe que é melhor continuar calada. Uma hora sentirei falta da sua voz.
Ao te ouvir, sentirei a minha força.
Reconhecerei tudo o que é meu.
E fluirei.
Entregarei-me ao que sou.
Minha melhor companhia.