Viva e deixe viver.
Uma das lições que a vida insiste em me ensinar.
Ocupe-se com o que depende de você. O que não é seu, ou não
está sob sua responsabilidade, não lhe diz respeito e não deveria tomar sua
atenção. Consigo imaginar as nuvens do céu tornando-se escuras e uma voz
trovejante recitando repetidas vezes essas palavras.
Deixar ir é sabedoria posta em prática. Aquele papo de
cultivar o jardim ao invés de tentar capturar as borboletas também. Será que a
vida é um saco de clichês? Às vezes, me parece que sim. Mas não nos enganemos,
isso não significa que as coisas seguem roteiros.
Viver é lutar.
Não me refiro àquele estado em que apenas existimos diante da
realidade, sem fincar os pés no chão, bolando de um lado para o outro ao sabor de
qualquer solavanco mais intenso. Trato da vida. Aquela tal, com boletos a
vencer, nossos próprios cuspis caindo em nossa própria testa, respiração
ofegante a maior parte do tempo e braçadas firmes, mesmo que contra a
correnteza.
As pessoas estão enchendo os consultórios dos mais variados
psi, psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, porque suas fórmulas não surtem efeito.
Nem religião, nem curtição, nem malhação. Nem sim e nem não. A vida é bem mais
que isso, ou aquilo que disseram ser o certo. E não há sujeito tão intolerante
à incerteza quanto o dito ser humano. O pobrezinho batalhou para ter tudo sob
controle, criou listas e listas de 10 coisas mais importantes a se fazer sobre
qualquer coisa, para, no fim das contas, perceber-se perdido na inexorável imensidão
de possibilidades.
Essa dança, tanto macabra quanto bela, das incertezas é a
vida. Apenas isso. O ir e vir diante de erros e acertos, o cair e levantar, a
coragem para gargalhar no final, ou apenas desabar. Não tem muito mais que
isso, além da vontade genuína de fazer dar certo, sabendo que há grandes
chances do contrário acontecer.
Pronto.
É com esta realidade que convivemos.
Podemos cair no choro, ou podemos sentar e apreciar a beleza
presente nisso tudo, antes de levantar e ir em busca da mais nova aventura, aceitando
os riscos e admirando o que se vive durante a travessia. No fim das contas, o
caminhar é a única certeza que temos.
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