Sou uma geminiana típica. Tenho sempre umas mil ideias geniais todos os dias, mas vou em frente com metade disso. Até começo a realizá-las, mas é provável que largue “de mão” boa parte logo no começo por elas não serem tão interessantes quanto eram quando ainda estavam no papel. Daquelas que me despertarem a vontade de perseverar, é ainda provável que eu abandone uma parte perto do final porque, possivelmente, outras tantas ideias surgirão e despertarão minha curiosidade, e eu estarei enlouquecida querendo saber mais sobre esses novos assuntos. E o ciclo inicia.
Cursos, viagens, receitas, jardins, textos. A lista de projetos abandonados é bem longa e a angústia sempre passa um bom tempo corroendo meus pensamentos. “Irresponsável”, “não termino nada”, “jogo dinheiro fora” e mais um monte de frases e adjetivos pouco positivos ao meu respeito inundam a minha mente toda vez que eu decido abandonar algum projeto. Já me culpei muito por essa minha tendência a começar muita coisa e terminar umas poucas.
Um belo dia li algo sobre pessoas multipotenciais e me redimi comigo mesma. O texto dizia que algumas pessoas possuem interesses os mais variados possíveis, muitas vezes divergentes. Elas seriam movidas pela pura curiosidade e vontade de aprender. E pronto! Podemos todos seguir em paz!
Ao ler sobre esse sujeito, com o qual me identifico muito, percebi que acima de qualquer coisa está a vontade de aprender. É isso o que o multipotencial, eu, e mais um galera, sentem: desejo por ampliar o próprio mundo através de novos e instigantes conhecimentos. Do tricô ao tarô, das novas técnicas de maquiagem às descobertas sobre novos planetas. Porque é isso mesmo, a gente gosta é de aprender!
Sim, eu poderia falar alemão fluentemente. Ou poderia estar num nível avançado em um curso qualquer que comecei e depois acabei largando. Mas, não larguei esses projetos para ficar fuçando a vida do povo no Facebook. Fiquei o tempo que achei necessário, e depois parti para experiências que estavam mais alinhadas ao meu momento e despertavam meu interesse.
Percebo que o mais importante é manter-se em movimento. O bom e velho hábito de ocupar a mente é o melhor que podemos fazer por nós mesmos. Quanto mais ocupados, quanto mais buscarmos conhecimento, melhor pra nós. Mais próspera e interessante será a nossa vida. O interesse por um determinado assunto pode morrer depois de poucas aulas, mas o conhecimento que acumulamos nunca se perde. E o desejo por aprender está lá, no DNA!
Não estou pregando a falta de foco. Pelo contrário. Só acho que a vida é ampla demais pra nos prendermos a metas e promessas.
Quero dizer àquelas pessoas que largam o que não lhes interessa mais e partem para novos desafios isso: “Tamu junto!”. Pra que perder tempo quando sabemos que outros coelhos mais legais, curiosos e desconhecidos sairão de outros matos mais legais, curiosos e desconhecidos?