A essência da vida é a volatilidade. Ela pega fogo e esfria,
cresce e se retrai. Um sobe e desce de labaredas estimuladas por tantos fatores
ao nosso redor nos queimam ou nos deixam em cinzas. Podemos ficar ali no meio,
fingindo que tudo é acaso e vivendo como quem mata no peito o que vier, seja a
bola da partida ou o cocô do passarinho. Ou podemos sentar e observar, sabendo
que em alguns momentos o chão vai estar quente e em outros estaremos cobertos
de pó.
Eu penso demais, acusam-se algumas pessoas. Mas essa
capacidade de ater-se aos diversos aspectos de um fato, analisá-los atentamente
e tentar enxergar algum sentido em tudo não pode ser perda de tempo. Estranho
mesmo é quem se acanha nas reflexões e acha que tudo é assim mesmo.
E quando acreditamos sinceramente que a natureza é perfeita,
Deus é maravilhoso e que devemos acreditar na vida, esse refletir constante acaba
sempre se balizando na ideia de que tudo o que acontece é para o nosso bem, é
porque precisamos, é necessário para nossa evolução, e vai contribuir sim para
um fim maior. Isso faz com que cheguemos a respostas que trazem paz para nossa
alma.
Genial.
Ou alguém vai negar o quanto aprendeu com as situações mais
duras, por menos esperança que sentisse enquanto estava lá, mergulhado em
sofrimento?
Não sejamos infantis pensando que todo o azar do mundo foi
direcionado a nós porque uma porta se fechou na nossa frente. Uma porta
pequena, estreita, de passagem tortuosa e que nos levaria a um ambiente que nem
ia satisfazer o coração. Aproveito para apresentar o orgulho, essa pestinha que
está presente no nosso rol de sentimentos e se incomoda demais com qualquer
perda, mesmo que de algo que nos faria mal.
Vamos juntos enxergar além, tanto desse bendito orgulho
quanto da ideia de que refletir demais é pirar. Se nos permitirmos alguns
momentos de devaneios, de elucubrações cheias de será e talvez,
perceberemos que tudo tem um porquê e ele, geralmente, é lindo.