Eu, como qualquer ser vivo deste planeta, enfrento meus perrengues. Às vezes, vou "na classe" e ainda consigo encontrar um sentido naquilo tudo. Outras vezes, olho pro céu e pergunto POR QUE EU? POR QUE COMIGO? Fico sinceramente intrigada sobre como as coisas dão errado e com a minha capacidade de "levar porrada". POR QUÊ?
Um sentimento de fragilidade sempre toma conta e a única vontade que tenho é de voltar pro útero da minha mãe, porque lá era quentinho (eu acho) e ela sabe resolver problemas muito melhor que eu.
Mas como isso não é possível, passo tempos e tempos ruminando aquela situação toda, como aconteceu, como fulano/sicrana pôde fazer isso comigo, como foi acontecer aquilo, como agi assim ou assado, como Deus permiti. Logo eu! Por quê?
Posso consumir muito tempo nesse processo, mas sempre tem um momento em que tudo isso cansa.
Nesse momento, as coisas se encaixam, os fatos se encaixam. E, de forma involuntária, acabo sendo obrigada a perceber minha responsabilidade naquilo tudo. Minha cabeça e meu coração não me deixam em paz até que eu reconheça tudo aquilo. E finalmente deixo "pra lá".
Se conseguíssemos enxergar a vida como uma grande escola, entenderíamos que tudo acontece PARA nosso aprimoramento. Ali, naquela experiência, muitas vezes terrível, é possível encontrar lições valiosas, que se tornam curas milagrosas para feridas profundas abertas em nós há tempos e tempos.
Muitos dizem que a dor é melhor professora que o amor. Não acredito nisso e nem desejo essa pedagogia. MAS, tenho que admitir que ficamos muito mais abertos a aprender quando nos vemos encurralados em situações angustiantes. É como se a alegria fosse, em alguns momentos, uma cortina de fumaça que pode esconder toda a profundidade de uma experiência. Eufóricos, queremos mesmo é extravasar e comemorar, e gritar e dançar. Tudo deve ser sentido ali. Tristes, nos recolhemos e nos colocamos a ouvir cada suspiro de nossa mente e coração, em busca de uma resposta, do caminho, da luz no fim do túnel. Não restam muitas opções: ou absorvemos as lições ou continuamos a ruminar e ruminar aquela situação toda…
Já li muito sobre isso, que as experiências de nossa vida são como grandes lições. Agora, como conseguir enxergar isso quando estamos feridos, magoados? Aliás, vitimizar-se é uma forma de defesa quando uma situação é dura demais para encararmos de outra forma. Chamamos atenção para nossa dor, choramos, esperneamos, queremos ser vistos… Isso é instintivo. Graças a Deus… Senão, ficaríamos definhando calados porque não conseguimos lidar. Então vitimismo, eu te absolvo e te agradeço!
Porém, o objetivo é sempre a nossa evolução, então precisaremos em algum momento lidar melhor com as situações que nos ferem e tentar absorver dali o que precisamos aprender…
Se conseguíssemos olhar um pouco além da experiência dolorosa, veríamos a nós mesmos fazendo escolhas que não condizem com nossos valores, julgando, procrastinando… Enxergaríamos nossas crenças castradoras e enganosas influenciando nossas escolhas, nossos pensamentos.
Não é fácil olhar com lupa para nosso comportamento. Quando estamos feridos, só conseguimos enxergar culpados. Como se responsabilizar por algo que nos feriu se estamos em frangalhos? Mas ali, meus amigos, naquela dor, naquela raiva, naquela angústia, naquela cobrança, há um verdadeiro tesouro. Há nós mesmos, nus em pêlo, só crença e sentimento. Melhor hora não existe para capturarmos aspectos nossos que ficam escondidos, geralmente, sob as máscaras sociais que construímos. Num veneninho destilado, numa cobrança exacerbada ou manhosa, no ciúme, podemos enxergar a nós mesmos.
Não quer dizer que o outro é inocente. Ele terá a sua paga, se for capaz e estiver disposto a olhar além. Mas como nossa responsabilidade é com a gente mesmo, então cabe a nós tentar perceber as lições que aquela experiência tem a nos ensinar. Cada um sabe de si. E ninguém falou em culpa aqui, que fique bem claro. Falou-se em responsabilidades. Auto responsabilidade. Tornar-se adulto e autônomo, e responsável pelo próprio desenvolvimento, pela própria vida. O poder de escolha é nosso, então a responsabilidade também é.
Dizem os gurus e toda essa galera que vive de ajudar os outros a se desenvolver que as respostas vêm. O próprio universo se encarrega de mandar, na forma de uma frase, uma palavra, um blog… Ufa! Menos trabalho. Afinal, já é um grande sacrifício dispor-se a olhar além de todo o sangue escorrendo na nossa cara quando estamos feridos. Mas a vida é isso, é maravilhosa e generosa… Basta coragem. Pq ela não é para covardes. Ela é pra quem vai do peito aberto...